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domingo, 24 de julho de 2011

Zerei! - Review Persona 3 (PS2)

Shin Megami Tensei é uma série de RPG's da Atlus que começou no Snes e virou cult no Japão por misturar coleção de monstros a lá Pokemon com mitologia judaico-cristã, ambientação contemporânea (e pós-apocaliptica)  e temas que podem assustar os menos desavisados. 
Já a franquia Persona surgiu no Playstation One como uma série paralela (Spin-off) que une a essência de SMT com os simuladores de relacionamentos, (Dating Sims), bastante apreciados em terras nipônicas. Persona 3 foi o primeiro game da série lançado para o PS2, trazendo uma história mais leve se comparada a série principal e com muito mais ênfase nos relacionamentos entre personagens.
O jogo fez um sucesso tremendo e gerou uma expansão lançada mais tarde para o mesmo console.

 

História

O enredo de Persona 3 é estrelado por um adolescente orfão recém-transferido para a Gekkoudan Hight School que começa o game chegando de viagem justamente a meia noite e percebe que alguma coisa está errada com a cidade quando vê seu mp3 player parar de funcionar e as ruas ficarem cheias de caixões onde deveriam haver pessoas, mas mesmo assim  segue seu caminho para o dormitório onde ficaria hospedado.
Ao chegar é recebido por um misterioso garoto que diz estar esperando por ele e o faz assinar um contrato sem esclarecer qual o propósito do mesmo, desaparecendo em seguida. Pouco depois, o protagonista (cujo nome você que dá) encontra duas das residentes do dormitório: Yukari Takeba e Mitsuro Kirijo, que se surpreendem com a chegada repentina dele aquela hora da noite e tentam disfarçar o fato de estarem perambulando pelo lugar armadas (?!).
Dias depois o garoto acorda com um barulho no prédio e os gritos de Yukari chamando-o para fugir de alguma coisa que está invadindo o lugar. Durante a fuga ambos acabam encurralados por uma bizarra criatura que imobiliza a garota entes que ela pudesse usar sua arma aparentemente para se suicidar atirando na cabeça. Sem ter saída o protagonista pega a arma caida no chão e ao se lembrar das palavras do menino que o fez assinar o contrato, instintivamente aponta a arma para a cabeça e dispara, despertando o poder de sua persona, que literalmente estraçalha a ameaça.


Depois deste episódio, seu personagem descobre que todos os residentes do seu dormitório são membros de uma equipe chamada SEES (Special Extrecurricular Execution Squad) cuja missão é enfrentar os Shadows, seres que aparecem durante a Dark Hour, período que ocorre todos os dias às 0:00h transformando pessoas normais em caixões (sem consciência do que acontece). Apenas algumas pessoas tem a capacidade de permanecer conscientes neste período e destas, um menor número pode invocar as personas (entidades que representam uma manifestação da personalidade do personagem e podem ser controlados por eles) para enfrentar as shadows.
Ao entrar para o grupo o personagem deve conciliar sua vida de estudante com as escurssões noturnas pelo Tartarus, uma torre imensa que surge no lugar da escola  onde estudam (percebeu a metáfora sinistra?) durante a Dark Hour. O curioso é que para ativar suas personas, os usuários usam um artefato chamado de  "Evoker", uma espécie de pistola que não causa dano físico mas os deixa em estado de tensão extrema, servindo de gatilho para invocação dos poderes.(geralmente atirando na própria cabeça!) Jogo nada recomendável para quem tem tendências suicidas...

Jogabilidade

O jogo pode ser dividido em duas partes distintas: um RPG baseado em turnos com dungeons randômicas e um simulador de encontros. A mistura pode parecer estranha para nós ocidentais mas é extrememente interessante para a gurizada forever alone o público japonês, que adora este tipo de game. O gameplay acontece em dias divididos nos seguintes períodos: Early morning, Morning, Launchtime, Afternoon, Evenning e Late night/Dark Hour, sendo que apenas pode lutar durente o período da Dark Hour ao final de cada dia. Nos outros períodos o jogador encarna a vida de um estudante colegial japonês comum e deve frequentar as aulas (não é possível faltar), criar e administrar relacionamentos com o maxímo de pessoas que puder pois só assim ele pode fortalecer e desenvolver novas personas.

Os Personas são bem legais, basta se suicidar(?!) que aparecem...Não tente em casa!

Por ser o único da equipe misteriosamente capaz de invocar personas diferentes, seu personagem passa a ser o líder durante as batalhas.
Durante o dia, o game se comporta como um legítimo (e possívelmente chato, para a maioria)  Dating Sim, nos moldes da série Sakura Wars: o jogador deve conversar com seus colegas, estudar na bilioteca e explorar as proximidades, que incluem um shopping, duas estações de trem, um templo e o próprio dormitório. 

 Durante o dia é preciso frequentar as aulas e interagir com seus colegas e vizinhos.

Nestes lugares é possível encontrar personagems que vem a se tornar novos amigos do protagonista, ao fortacecer os vínculos chamados no game de Social Links, o personagem pode usar o poder destas amizades para criar novas Personas mais poderosas com a ajuda do misterioso Igor, um senhor extremamente narigudo e suspeito que aparece nos sonhos do personagem ou atraves da Velvet Room (lugar que só pode ser acessado pelo seu personagem) e oferece o serviço de fusão de personas (representadas por cartas) além de catalogar todas as que você já tiver controlado através do Persona Compendidum, organizado pela sua secretária Elizabeth. Uma curiosidade: o Igor, assim como os Moogles e Chocobos em Final Fantasy, está presente em todos os jogos da série Persona.

O enigmático e narigudo Igor, e sua assistente Elizabeth são de fundamental ajuda em sua jornada

As personas e Social Link's são divididos em categorias baseadas em cartas de tarô, as arcanas. Cada social Link fortalece uma determinada Arcana e o desafio é encontrar todos os personagens correspondentes e maximizar seus níveis de relacionamento (10 para cada um) no período de 1 ano que dura o jogo. O problema é que você só pode dedicar tempo a um deles por dia, geralmente após a aula. Após encontrar determinado amigo em um dia, o jogo já pula para o início da noite, onde o jogador tem a opção de estudar, ir dormir ou explorar o Tartarus.
No Tartarus, a jogabilidade segue o padrão dos jogos de RPG clássicos, com algumas variantes interessantes:  o jogador pode formar uma equipe de até 4 personagens e subir o máximo de andares possíveis do lugar antes que todos fiquem cansados e impossibilitados de continuar naquele dia.
As batalhas são em turnos, no entanto só é possível controlar diretamente o protagonista, os demais personagens são controlados pela inteligência artificialdo jogo, mas pode-se dar ordens que mudam o padrão de ação de cada um. A IA do game é competente na maior parte do tempo e quase sempre sabe o que fazer, mas as vezes faz umas coisas capazes de deixar o jogador com os cabelos em pé, de tanta raiva...Sem alternativas, o jeito é se acostumar com a burrice artificial bendita inteligência.
Mesmo sendo em turnos, os combates são bem dinâmicos, baseados em forças e fraquezas e lembram a mecânica do jogo "Pedra, papel e tesoura": tanto seus personagens quanto os adversãrios são fortes em pelo menos um elemento e fracos em outro. ao se acertar o ponto fraco de um adversário, ele cai no chão e fica imobilizado por um turno. O personagem que desferiu o golpe certeiro ganha mais uma chance de ataque e se conseguir derrubar todos os adversãrios de uma vez, pode-se utizilar o "All Out Atack", uma sequência de golpes em que todos os personagens do seu grupo avançam para cima dos inimigos formando uma nuvem cheia de onomatopéias igual as dos desenhos antigos e causa bastante dano.Muito bacana, além de engraçado.

O all out atack é uma maneira divertida de terminar a batalha rapidamente.

Um ponto negativo no jogo é o desbalanceamento na distribuição de savepoints e nas batalhas. No modo "Normal", durante a exploração do Tartarus você tem um savepoint na entrada e no andar dos chefes, no entanto em cada andar existe um "access point" que permite retornar para o 1º andar e salvar. O problema é que se retornar antes de chegar ao próximo savepoint, o jogador precisará subir tudo novamente. Perdi a conta de quantas vezes avancei 9 andares seguidos, evoluindo os personagens e pegando personas e itens raros para perder repentinamente para um inimigo qualquer que disparou uma magia de morte instantânea no meu personagem e perdi tudo, pois se o protagonista morrer, o jogo acaba na hora(!!) (mesmo que todo resto da equipe esteja de pé!).
Isto é bem frustrante, principalmente no início do jogo. Pelo menos no modo "easy" o jogador pode continuar até 10 vezes no mesmo lugar, mas mesmo assim, achei o esquema é meio injusto.(Pô, não vou jogar no easy né?Hehe).
No entanto, depois que se empolga com a história, este problema passa a ser apenas um mero detalhe e não se quer mais parar de jogar antes de saber o final (que por sinal vale o esforço).

Gráficos

O visual do game, apesar de ser simples se comparado a Final Fantasy XII ou Dragon Quest VIII, não decepciona e é bem bonito combinando com o clima de anime do jogo. Falando em anime, o game tem várias sequências de desenho animado nos trechos mais críticos do jogo e são bem legais também. O caracter design dos personagens e dos personas são excepcionais e agradam muito quem curte animação japonesa. Os personas por sinal são o destaque; bem bizarros, muitos baseados em demônios, anjos e seres míticos orientais sendo que a maioria deles já é conhecida dos outros jogos da serie e de Shin Megami Tensei, como o simpático Jack Frost.

  Jack Frost é uma marca registrada na franquia SMT e um dos poucos monstros do game que não parecem com o cão.

Som

A parte sonora, como o restante do game, divide opniões, pois está longe do que se ouve comumente em games de RPG: Jazz, JPop, Tecno e Ópera estão misturados numa trilha sonora que na verdade é bem adequada a proposta do jogo. Durante as batalhas é como se estivessemos ouvindo música do MP3 do protagonista. Pessoalmente eu gostei muito. Para quem curte sountrack a Atlus ainda deu de presente um CD com a OST do game na versão original (além de um Artbook), coisa que repetiu também no lançamento do cobiçado por este que vos escreve, Persona 4.

Pacote completo da primeira versão de P3 contendo o jogo, CD de OST e Artbook.Xodó da minha coleção.

Replay

Apenas a história principal de Persona 3 leva no mínimo umas 70 horas para ser concluida, tempo condizente com o ideal de um grande RPG. É possível chegar ao final mais rápido, mas provavelmente você empacará no chefe final e terá de para parar "upar" por um bom tempo. (cheguei no ultimo boss com 86 horas, nível 76, mas só consegui derrota-lo com folga no nível 90, umas 11 horas depois...).
Porém, em uma jogada é praticamente impossível conseguir maximizar todos os social links  e consequentemente, todas as personas (Pokemon feelings total aqui), pois cada Social Link libera um persona especial apenas depois de maximizado, o que deixa o jogador no desespero sobre qual amigo priorizar até o final do game. Pra facilitar, alguns desses SL se completam sozinhos com o avanço da história como o da arcana Death (o menino do contrato), Fool (o do SEES) e o Judgament (Anti-Nyx team -no fim do game) assim, mesmo que o jogador seja um forever alone no jogo, ainda poderá criar umas personas bem poderosas com esses SL, como o estiloso "Messiah".
Para quem quiser completar tudo, o jogo permite recomeçar com um "new game +" após terminar pela primera vez. Assim pode-se começar com todas as armas, níveis, personas adquiridos (no compendidum), status e principalmente, Social Links adquiridos,  permitindo conquistar todos os amigos e amores (obviamente como um Dating Sim de respeito que o game é, dá namorar com quase todas as personagens femininas do game, mas não ao mesmo tempo) que faltaram, além de tornar as batalhas muito mais fácéis.
Já falei um bocado dos SL né? Mas realmente, quem não se incomodar com o ritmo parado do game nesta parte vei encontrar personagens carismáticos e histórias bem bacanas. Cada um dos seus amigos é muito interessante e vale a pena dedicar tempo a descobrir mais sobre eles. Pena que alguns (principalmente as meninas) demoram mais para se abrir (sem maldade, please). Altamente viciante.- Ou tedioso dependendo de sua preferência pessoal. De fato, NÃO é um game para quem curte ação desenfreada.
O "modo RPG" também tem aditivos para um segunda jogada. Além dos 262  andares do Tartarus, existe o "Monad Block", uma área especial repleta de monstros fortíssimos (e excelente para subir de nível rápidamente) que surge na entrada do Tartarus após se chegar ao andar 254 antes do dia 31 de dezembro, ou depois de terminar o game. Tem também as Requests de Elizabeth, que são missões paralelas, na maioria das vezes solicitando itensou fusões especiais que começam simples mas depois ficam extremamente complicadas de realizar e 2 chefes especiais (o Reaper no Tartarus e o Ultimate no Monad) Resumindo, chegar a 100% neste game é tarefa para poucos. Só perde pra Final Fantasy XII neste aspecto.(que é praticamente impossível de fazer 100% sem virar um eremita!).

Considerações finais

Bem, Persona 3 é um jogo de RPG bem diferente para os padrões ocidentais, já que foca bastante no aspecto dos relacionamentos (e é bem linear neste ponto), quebrando o ritmo da ação drasticamente, já que o jogador é obrigado a esperar todo dia a chegada da Dark Hour para poder lutar. Logo pode parecer um verdadeiro teste de paciência para quem quer só ver batalhas.
É um game para se jogar sem pressa atentando a todos os detalhes de sua magnifica trama e seus personagens carismáticos. Quem conseguir gostar vai querer jogar até o surpreendente final e ainda vai querer mais!

FES é um verdadeiro presente pros fãs de Persona. Uma aula de como se ganhar uns trocados a mais com competência!

Não é atoa que a Atlus lançou em 2008 a expansão FES (de Festival) que trouxe elém do game original, uma nova aventura chamada "The Answer" que continua a história diretamente de onde parou, com aproximadamente 30 horas de duração, novos itens, Personas (20), roupas para os personagens, novos eventos e requests de Elizabeth... efim, uma verdadeira festa para os fãs, como propõe o título.- Fortemente recomendável para quem quer conhecer ter uma experiência completa do game.

Recentemente a empresa lançou um port para PSP, denominada Persona 3: Portable que apesar do  downgrade gráfico e do fato não trazer o conteúdo extra de FES, dá a possibilidade de jogar com uma menina como protagonista, o que altera significativamente os social Links do game, além da participação especial de Vicent, protagonista do novíssimo game Catherine para PS3 e Xbox 360, como um de seus possíveis amigos.Uma ótima opção para quem ficou com vontade de experimentar o jogo mas não tem um PS2 disponível.


Prós:
  • Atmosfera de anime;
  • Enredo longo e sensacional, cheio de reviravoltas;
  • Colecionar monstros é legal, mesmo que parecam o cão (o pior é que alguns são mesmo)...
  • Modo de batalha viciante;
  • Personagens carismáticos;
  • Dungeon randômicas;
  • Alto fator replay
  • Audio e dublagens muito bons.
Contras:
  • Ritmo lento;
  • Linearidade;
  • Batalhas desbalanceadas e falta de savepoints
  • Gráficos simples.
Nota: 9,0


Pra saber mais:

Site oficial: http://www.atlus.com/persona3/home.html

"What Persona 3 is really about"
- Paródia bem bacana feita pelo site Destructoid. Vale a pena ver (audio em inglês).
 
 
Confira também o trailer do anime Persona - Trinity Soul, livremente baseado em Persona 3 e  já lançado nos EUA:

 

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